Edição #4

Vila Portes, aqui tem de tudo

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Um lugar onde tem de tudo e mais um pouco. Essa é a Vila Portes, centro econômico de Foz do Iguaçu famoso por concentrar, em poucas quadras, uma incrível variedade de estabelecimentos comerciais. Não é por acaso que o morador da região trinacional costuma visitá-la sempre quando precisa de produtos diferenciados e com preços acessíveis.

Essa cultura vem de longa data. O bairro cresceu a partir da inauguração da Ponte da Amizade, em 1965. Por estar colado na fronteira com o Paraguai, desenvolveu uma área de exportação, cujo auge foi nos anos 90. Essa característica fomentou o comércio tanto no varejo quanto no atacado, o qual hoje busca reinventar-se para seduzir os clientes.

Basta caminhar um pouco pelas principais ruas e avenidas para encontrar lojas de roupas, calçados, materiais de construção, utensílios para casa, máquinas, equipamentos, ferragens, materiais elétricos, peças e acessórios para veículos, supermercados, distribuidora de alimentos, e móveis para escritório.

Mas nem tudo são flores. A Vila Portes reivindica mais atenção do poder público. Empresários do bairro relacionam algumas medidas para manter a economia da região competitiva: melhoria da sinalização vertical e horizontal, regularidade na limpeza das vias públicas, implantação de uma creche, revitalização do terminal de ônibus, e orientação sobre a padronização das calçadas e seu uso para expor mercadoria.

Os empresários pedem, ainda, a ampliação do horário do estacionamento regulamentado para as 17 horas com o objetivo de garantir a rotatividade de veículos nas vagas. Uma presença maior da Guarda Municipal visando orientar ajudaria a organizar o trânsito em horários de pico e áreas de grande tráfego. Já as forças de segurança federais precisariam reforçar a segurança na cabeceira da Ponte da Amizade.

Mais bonita
Gerente YACIMA
O visual da Vila Portes mudou muito e para melhor. Muitas lojas estão mais bonitas e com fachadas mais clean. Essa é a opinião da gerente da Yacima Moda Íntima Feminina, Noemia Costa do Rosário, 32 anos. Ela conta que antes as lojas eram mais “largadas”. “Nosso estabelecimento mesmo passou por uma grande reforma”, disse.

Há 20 anos na empresa, ela lembra que antigamente as lojas trabalhavam com um ou outro produto, e quase todas vendiam no atacado. “Hoje está mais diversificado, com vendas também no varejo, por isso o bairro recebe clientes de todas as camadas sociais, desde o povão aos bacanas”, contou.
Por outro lado, a gerente avalia que é preciso reforçar a segurança pública para reduzir a ação de ladrões nas ruas e avenidas e, ainda, inibir os furtos dentro dos estabelecimentos. “Antes tinha um módulo policial aqui e policiamento até as 18 horas. Isso ajuda muito”, completou a lojista.

“Estamos esquecidos”
Auto Vidros Cascavel
A Auto Vidros Cascavel é um dos estabelecimentos mais antigos do bairro. A filial da empresa cascavelense tem quatro décadas de atividade na fronteira. Após viver períodos de grande movimento, hoje amarga queda nas vendas. O motivo? “Falta apoio político, institucional e estagnação econômica nacional”, argumentou o sócio do grupo empresarial, Anderson Albino Dybas, 43.

“A gente vê muito investimento no turismo, mas nada no comércio. Não teve um prefeito com um olhar especial para o bairro. A realidade daqui é diferente de outras regiões. Por estar colada na fronteira, precisa de políticas públicas de infraestrutura e de incentivos para uma revitalizada geral. Estamos esquecidos”, afirmou o empresário, que chegou a ter 70 funcionários e hoje tem 20 empregados na loja.

Ele sugere, também, maior união entre os empresários para revitalizar todo o bairro e criar atrativos para moradores de bairros mais distantes e de outros municípios. Na opinião dele, a própria ACIFI deve ampliar a defesa dos interesses da classe empresarial, bem como incentivar promoções que valorizem o centro comercial em datas especiais e ao longo do ano.

“Movimento bombando”
Casa das Fresas
O movimento na Casa das Fresas Foz está “bombando”. A loja foi fundada há 26 anos na Vila Portes pelas mãos do comerciante Mauro Dias Bicudo. Com o tempo, expandiu os negócios para o Porto Meira. Hoje, seus filhos Mirian, Lucas, Emerson e Silvio comemoram os bons resultados conquistados gradativamente pela empresa ano a ano.

Mirian, 30, atribui o sucesso “a Deus”, ao trabalho em família unido com toda a equipe de 38 funcionários e aos preços justos nos produtos sem buscar triplicar os valores. Ela lembra que antes a empresa era quase restrita à marcenaria, porém viu que era preciso diversificar os produtos. Hoje tem 27 mil itens, que atendem do peão de obra até a dona de casa.

“A nossa localização facilita. Se a loja estivesse em outro lugar, a gente não teria esse movimento todo. Vem pessoal até do Paraguai e da Argentina comprar aqui. O que a gente precisa é mais estacionamento na Vila Portes”, disse. Os resultados incentivam as inovações. A Casa das Fresas começou a importar artigos diferenciados e a vender pela internet. “Já vendemos para 16 estados. Queremos alcançar a todos”, concluiu.

Distribuidora continua forte
Bimbeto
Outra característica da Vila Portes é abrigar empresas que não dependem necessariamente do movimento de pessoas. As distribuidoras de mercadorias no atacado continuam fortes na região, de onde mantêm laços com estabelecimentos de vários cantos da cidade e até mesmo de outros municípios. É o caso da Bimbetto Alimentos, especializada em food service (mercado de alimentação fora do lar).

A distribuidora comercializa produtos em grandes embalagens, o que torna a unidade mais barata. O empresário Odilo Betto conta que sua empresa depende muito do turismo, em especial de hotéis e restaurantes. “Foz precisa despertar para esse setor, pois se trata de uma indústria sem chaminés que movimenta toda a economia da cidade”, ressaltou.

Segundo ele, as empresas do município, inclusive as situadas na Vila Portes, ficaram durante muito tempo dependentes da ligação com o Paraguai, apesar das típicas relações econômicas instáveis na fronteira, como câmbio e regras aduaneiras. “Quem aproveitou ganhou dinheiro. Hoje já não é mais como era antigamente”, completou o senhor de 78 anos, que está há 30 anos no mercado.

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