Edição #6

Um giro pela José Maria de Brito

Na esteira da expansão da construção civil e do mercado imobiliário, cresce a procura por móveis e decoração, e a avenida vem tornando-se o lugar preferido para a instalação de lojas do ramo

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Na série de reportagens sobre os centros comerciais de Foz do Iguaçu, a Revista ACIFI mostra nesta edição o crescimento da Av. José Maria de Brito (Foto: Kiko Sierich)

O brasileiro nunca investiu tanto no conforto da sua casa. O resultado é um crescimento surpreendente nos negócios ligados à arquitetura, decoração e paisagismo, um segmento que abrange uma infinidade de itens como móveis, persianas, tecidos e artigos decorativos.

O mercado de objetos de decoração e móveis está em alta em Foz do Iguaçu. Não por acaso, boa parte dos empresários resolveu instalar-se na Av. José Maria de Brito. A avenida começou a ganhar o perfil que tem hoje de cinco anos para cá, quando várias lojas do segmento se mudaram ou se instalaram na região.

Hoje o consumidor encontra desde cadeiras assinadas por designers e sofás importados até os mais descolados papéis de parede. Não é exatamente uma pechincha, mas quem tem disposição para rodar e pesquisar nas lojas pode encontrar objetos de design a preços bem interessantes.

Da Marel, especializada em planejados, saem closets, cozinhas, móveis para suítes, banheiros, lavanderias e até corporativos para mobiliar empresas e hotéis. Quando abriu a loja, há quatro anos, o empresário Valmicio Luiz Cardoso sabia que a José Maria de Brito seria o lugar ideal. “Ruas temáticas existem no Rio de Janeiro e São Paulo, e ter várias lojas do segmento próximas traz uma série de vantagens para o cliente. Os nossos diferenciais, por exemplo, são a qualidade e o serviço”, garante Valmicio, que pela quarta vez trocou os ambientes da loja para apresentar as novidades da indústria instalada em Francisco Beltrão.

Há poucos metros dali, no número 1.418 da avenida, está a Scarione Móveis e Decorações, que apresenta móveis de alto padrão e peças exclusivas, num showroom com mais de 400 m², aos consumidores de Foz do Iguaçu e cidades da região. “Esse é um local estratégico. O cliente que chega pela BR-277 ou que vem do Paraguai tem fácil acesso e pode estacionar tranquilamente”, aponta o arquiteto Eduardo de Lavra, sócio do empreendimento inaugurado em dezembro do ano passado.

Na opinião dele, a transformação da via em referência no comércio de decoração ocorreu de forma espontânea, e o mix variado favorece sobretudo o público, que pode fazer pesquisa de mercado e até aproveitar para ir à floricultura ou comprar colchão.

Espelhos, quadros, sofás, abajures e cortinas sob medida são algumas das opções da Empório das Cortinas, que se fixou lá há três anos apostando no potencial do mercado e atraindo clientes de todas as regiões da cidade e também de fora. Para a empresária Elisa Campos, a concorrência só tem a contribuir. “Se o número de lojas é maior, a variedade aumenta, assim como o número de clientes, uma coisa puxa a outra”, observa.

Outro detalhe é a diversidade de fornecedores. “Novas lojas atraem novas indústrias, e temos maior poder de negociação com os fabricantes”, diz Elisa.

 

Muito além de móveis e decoração

Outros negócios vieram no rastro do sucesso de público das lojas de decoração, como a Casa do Construtor, franquia aberta há quase dois anos e meio. No portfólio de produtos estão mais de cem tipos de equipamentos disponíveis para locação na área de construção civil, limpeza e jardinagem, como andaimes, betoneiras, lavadoras de alta pressão e aspiradores de pó e água.

Rafael Wegner veio de Medianeira para montar a loja e explica que a procura era por um barracão que fosse grande o suficiente para guardar os equipamentos, com uma boa área externa e próximo a lojas de materiais elétricos e de construção. “Com um fluxo de aproximadamente dez mil veículos por dia, optamos pela avenida, e a escolha foi acertada, pois a localização facilita a entrega dos nossos produtos aos clientes”, resume.

Há lojistas que não trocam o ponto por nenhum outro lugar da cidade. É o caso de Cintia Guareschi, uma das pioneiras da rua onde está a Realce Modas, que em setembro completará 26 anos de existência. O prédio que ganhou de presente do pai, Hermes Vetorello, é bem cuidado até hoje. Ano após ano, a empresária sempre buscou um diferencial de atendimento na butique de moda feminina e se tornou mestre na simpatia e no bom gosto.

Para ser bem sucedida, ela está sempre à procura de estratégias, novos produtos, parcerias, preço e prazos de pagamento para agradar a mulheres de todas as idades. “As clientes vêm de vários lugares. Quando entram na minha loja ficam tão à vontade porque não se sentem obrigadas a comprar, e o resultado é que viram amigas no final”, conta Cintia.

 

Do Fusca ao Jetta

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Nos anos 80 e 90, a rua era o reduto de lojas do setor metalomecânico, mas com o tempo o perfil foi mudando. As que resistem estão nas quadras próximas à Av. JK. No meio de casas de câmbio, lojas de tintas e farmácias estão oficinas, varejo de autopeças e rodas.

Entre os mais antigos estabelecimentos comerciais da José Maria de Brito em atividade está a Rual Peças, fruto da sociedade de Antonio Alceu de Moraes e Rubens Castagnaro. A loja é especializada na linha Volkswagen e lá o cliente encontra desde ruela de Fusca até compressor de ar do Jetta, tudo original.

Desde que inauguraram, em 1988, eles viram lojas fecharem suas portas e outras abrirem. O comércio na avenida cresceu e se multiplicou, mas o círculo de amizade entre os lojistas permanece. “Aqui há um companheirismo muito grande, e fazemos questão de chegar de manhã e cumprimentar o vizinho”, revela Alceu.

Apesar das incertezas sobre a economia, ele segue confiante e vê com bons olhos a diversidade e a segmentação do comércio em toda a extensão da avenida, da Beira-Rio até a região da rodoviária.

O que já é bom poderá ficar melhor ainda

O potencial da avenida não está apenas nos móveis e decoração. A José Maria de Brito tem condições de crescer muito mais. Essa é a expectativa dos próprios lojistas, que acreditam que a via pode atrair bares, cafés e restaurantes com investimento em infraestrutura. Com recursos do governo federal, ela será duplicada, entre a Av. Paraná e a Rua Paço da Pátria, próximo à rodoviária. O trecho deve receber pontos de ônibus, calçadas e ciclovias.

Depois de completamente paradas, desde março, sob alegação de problemas nas galerias pluviais e no projeto, a Secretaria Municipal de Planejamento anunciou a retomada das obras no dia 22 de abril. “A previsão é de que as obras estejam prontas em 90 dias”, promete o diretor de Pavimentação, Gilnei de Azevedo.

Os comerciantes alertam para o alto preço dos aluguéis, a alta velocidade dos veículos que trafegam por lá e reivindicam mais policiamento, sobretudo após as 18 horas.

 

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