O movimento #ViadutosFoz

Ivo Valente

Moro em Foz do Iguaçu desde 2003. Por motivos profissionais, desde que cheguei à cidade, fui obrigado a conviver com a BR-277, seja atravessando a rodovia a pé ou de carro pela conversão da Costa e Silva, pelo trevo do Charrua ou pelo trevo da Av. Paraná, hoje substituído pelo Viaduto José Richa.

Atravessar a BR em Foz foi sempre motivo de estresse, mas também provocava questionamentos. Afinal de contas, por que Foz do Iguaçu não tinha (e ainda não tem) uma estrutura adequada de trincheiras ou viadutos para garantir a dignidade da mobilidade urbana de seus cidadãos?

O pedágio que é pago na rodovia é bem caro. Mesmo assim, a cidade de Foz fica à míngua. Os políticos, com honrosas e poucas exceções, parecem estar mais preocupados em chegar ou manter-se no poder. A negligência política é a maior responsável por esta situação da falta de viadutos ou trincheiras na BR-277.

Em 2012, eu e alguns amigos organizamos um protesto por meio do Twitter. Era o chamado tuitaço #ViadutosFoz. Admito que pensei que o movimento não teria grande repercussão. Estava enganado. Centenas de internautas da cidade de Foz, do Paraná e do Brasil participaram, todos fazendo posts de protesto com a hastag #viadutosfoz. Chegamos aos trending topics do país.

Logo depois do twitaço, o Governo do Estado anunciou a construção do viaduto da Av. Paraná. Os internautas não foram os únicos responsáveis por essa conquista, mas deram uma contribuição importante.

De lá para cá, o movimento pela reivindicação de dignidade ao atravessar a BR-277 permanece com várias outras ações nas redes sociais e na internet. A mais recente é a petição on-line em prol do viaduto na Av. Costa e Silva com a BR-277 (www.change.org/viadutosfoz).

Convém recordar que esse movimento é apartidário e feito de maneira voluntária. Não sou candidato a cargo público. Também não ganho dinheiro com essas mobilizações. Sou apenas um cidadão indignado com o descaso pelo qual a cidade de Foz passa no que se refere à BR-277.

A indignação ética e cidadã é o combustível para a mudança. Ficar só na reclamação é improdutivo. Precisamos ser agentes de transformação. Não podemos ser ingênuos. Sem mobilização cidadã, nada acontece. Não podemos cair na armadilha da passividade.

Hoje, com a internet, temos um instrumento poderoso para o exercício da cidadania. E você, prezado leitor, já está fazendo a sua parte para construirmos uma cidade melhor? Ou está esperando de braços cruzados as mudanças caírem do céu?

Ivo Valente é  professor em Foz do Iguaçu.