Edição #1

João Batista, administrador de empresas traz experiência no terceiro setor para o comando da ACIFI

joãoMenino do interior, João Batista de Oliveira passou a infância em Tambaú, cidade do estado de São Paulo e próxima da divisa com Minas Gerais. Filho de mineiros, saiu de casa ao terminar o Ensino Médio carregando o sotaque dos pais e determinado a continuar os estudos em outro lugar. “Naquela época a vida no interior não nos permitia muitos sonhos, e se você queria fazer faculdade tinha que ir embora. A regra era essa, com meus irmãos e meus amigos foi assim, e isso era normal para nós”, recorda.
Saiu de casa com dinheiro contado e disposto a enfrentar as dificuldades de morar sozinho na cidade grande, onde aprendeu a se virar, vivendo um dia de cada vez e sempre com o pé no chão.

Formado em Administração de Empresas, sua vida em Foz do Iguaçu é dividida em duas etapas. A primeira foi Outdoor, empresa de mídia exterior, e da Acquavitalle, indústria de artefatos de fibra como banheiras, spas e ofurôs. Sua trajetória na Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu começou na gestão de Tibiraçá Botto Guimarães, até ser o vice-presidente na gestão do amigo Roni Temp.

Casado com Claudia Friche de Oliveira e pai de João Felipe, 23, e Pedro Henrique, 16, João é o 22º presidente da ACIFI . “Sempre estive envolvido com o terceiro setor, mas a ACIFI, claro, é o meu grande desafio, pela representatividade que exerce como a maior entidade de Foz do Iguaçu”, ressalta em sua entrevista à Revista ACIFI.

Revista ACIFI – Como será a gestão da ACIFI nos próximos dois anos?
João Batista – Os resultados positivos da entidade são fruto de um trabalho planejado, desenvolvido ao longo dos anos, e isso se renova a cada gestão. A ACIFI vem passando por um intenso processo de profissionalização. Ao implantar o Programa Capacitar, a entidade aumentou o seu número de associados e teve melhorias na gestão de resultados. Esse programa visa também à capacitação dos colaboradores, e isso fortaleceu a ACIFI no aspecto de saúde financeira e visão empresarial. Esse é um processo que está andando e um sistema de gestão que está indo muito bem, e é preciso dar continuidade.

Revista ACIFI – Qual a característica da nova diretoria e conselho?
João Batista – No grupo que acaba de assumir a gestão da ACIFI tem pessoas novas e outras que estão trabalhando pela entidade há muito tempo. Na diretoria a ideia foi realmente trazer pessoas mais jovens, algumas, inclusive, nunca participaram da diretoria da associação. Ao mesmo tempo, no Conselho Superior a gente conseguiu manter cabeças que sempre pensaram bem a ACIFI e contribuíram para o andamento positivo, progresso e crescimento da associação, fomentando o desenvolvimento local e regional. Isto é, procuramos oxigenar com pessoas que pudessem trazer ideias novas, mas a base é o conselho que sempre contribuiu e traz uma sustentação para a diretoria.

Revista ACIFI – Há quanto tempo você está na ACIFI?
João Batista – Diretamente fiz parte de quatro gestões. A primeira participação foi no Conselho Jovem Empreendedor, em seguida fui conselheiro das gestões do Tibiriçá e do Wanderley Teixeira. Quando o Rodiney Alamini presidiu a ACIFI, eu fazia parte de uma comissão que representava a indústria junto ao Sesi. Foi durante a gestão do Roni, como vice-presidente, que pude contribuir de forma mais efetiva participando das ações e decisões. Ele é um grande amigo e de certa forma me intimou, e automaticamente comecei a viver o dia a dia da ACIFI.

Revista ACIFI – Os associados deveriam aproximar-se e conhecer mais a ACIFI?
João Batista – Certamente que sim. Evidentemente que fui conhecer de fato a Associação Comercial quando me envolvi mais, mesmo porque quando fiz parte do Conselho Superior são poucas reuniões ordinárias anuais. A diretoria é que vive mais a rotina da ACIFI, e eu ainda não tinha feito parte dela. Assim como eu, tenho certeza que uma boa parte dos associados também não a conhece. Essa conclusão levou a gestão anterior a criar meios de levar mais informação a todo quadro associativo e à sociedade em geral, e por isso nasceu a Revista ACIFI. O objetivo é levar mais informação, levar mais a ACIFI para as empresas, para dentro da casa das pessoas e para que todos conheçam mais a nossa associação. Por ser associado e contribuir com uma pequena mensalidade, a lógica seria ele procurar saber quais são os benefícios que a ACIFI tem a oferecer, mas na realidade isso não acontece, então a gente tem por obrigação inverter esse papel e levar essas informações até o nosso associado.João Batista (2)1

Revista ACIFI – A ACIFI deve aproximar-se mais do associado?
João Batista – Não sei se ela deve se aproximar mais, mas ela deve sempre ser próxima do associado, não que não fosse antes, pois tenho certeza de que as gestões anteriores utilizaram todas as ferramentas disponíveis, mas ela deve buscar isso cada vez mais. Precisamos estar atentos às novas dinâmicas de relacionamento e comunicação para atender cada vez melhor à classe empresarial.
Revista ACIFI – Que avaliação você faz do setor industrial de Foz do Iguaçu?
João Batista – A vocação principal de Foz do Iguaçu não está na indústria, e sim no turismo e prestação de serviços. Esta é uma cidade diferente em que a variação cambial determina o fluxo do consumo de todos os lados, e a proximidade com o Paraguai serve de válvula de escape no que diz respeito à mão de obra, e isso traz consequências para o desenvolvimento industrial. As políticas locais voltadas para a indústria ainda são recentes, temos um parque industrial criado há pouco tempo, e as empresas ainda estão se instalando lá. Por outro lado, a política nacional não favorece as pequenas empresas. Há excesso de normas e de regras. No contexto geral, há uma série de ações e situações que dificultam o desenvolvimento da indústria em Foz, mas esse é um segmento que tem espaço para crescer. Temos porto estadual, aeroporto internacional e há também a possibilidade do transporte intermodal, isto é, a logística contribui, e a comunicação hoje em dia tornou tudo mais fácil. O avanço depende muito mais de questões macro. O que observo é que os industriais de Foz do Iguaçu tentam ações isoladas, enquanto o melhor e mais produtivo seria desenvolver ações conjuntas. A ideia é trazê-los para perto da ACIFI e que eles possam somar forças com o Codefoz. Não só a indústria, mas todos os setores podem se fortalecer com a ACIFI e dar um passo a mais.

Revista ACIFI – E quanto ao comércio local?
João Batista – Existe a previsão de mais dois shopping centers, e isso pode fortalecer o comércio. Já houve a discussão da regulamentação dos free shops, porém um debate prévio demonstrou que da forma como foi colocado não sabemos até que ponto eles poderiam impactar a economia de forma positiva ou negativa. O que é preciso deixar claro é que as portas da ACIFI sempre estiveram e continuam abertas para o comércio.

Revista ACIFI – Qual a contribuição da ACIFI para a construção conjunta do desenvolvimento regional?
João Batista – O desenvolvimento regional é importantíssimo, e a ACIFI tem desenvolvido ao longo dos anos, pelas sucessivas diretorias, ações de integração junto com outras associações comerciais da região e a Caciopar, e a perspectiva é de que essas parcerias podem crescer.

Revista ACIFI – Qual deve ser a sua marca à frente da diretoria da ACIFI?
João Batista – Tenho uma característica de liderança muito forte, então me preocupo mais com o freio do que com o acelerador. De manhã já acordo pensando em mil coisas para fazer e estou sempre muito motivado. Procuro sempre pensar em solução e não em problema, por isso acredito que a minha marca aqui na ACIFI com certeza vai ser de muita cautela em função de liderar pessoas que são voluntárias e que estão contribuindo com suas ideias e o seu precioso tempo. A liderança deve ser de respeito e de companheirismo, de compreensão de ouvir a todos, pois todos têm voz. O cuidado deve ser muito mais em torno disso, porque acelerador eu já tenho naturalmente, mas não posso exigir isso de todas as pessoas.

Revista ACIFI – Essa característica de liderança você desenvolveu ao longo da sua vida ou daria para atribuir à sua participação em entidades como o Rotary Clube?
João Batista – Toda pessoa tem um pouco de liderança dentro dela, a dificuldade muitas vezes está em colocar isso em prática. O Rotary Clube foi, sem dúvida, uma grande escola de empreendedorismo. Ao longo de 17 anos da minha vida passei por quase todos os cargos. No lado profissional, fiz parte da Central de Outdoor Nacional e, com isso, estive diretamente envolvido com o desenvolvimento de leis de ordenamento de publicidade em várias capitais do país. Também contribuí com o Sindicato das Empresas de Propaganda Exterior, além de outras entidades, ou seja, sempre fiz parte do terceiro setor, e isso ajudou a desenvolver meu perfil de liderança.

Revista ACIFI – De certa forma, a ACIFI tem dois lados: o voluntariado formado pela diretoria e conselhos, e o lado profissional, da equipe administrativa que faz a associação funcionar no dia a dia.
João Batista – Não tenho dúvida que isso facilita muito a vida dos diretores. A ACIFI é feita por profissionais capacitados e abertos ao crescimento. Não foi à toa que a ACIFI foi considerada uma das melhores associações do país, foi porque ela tem uma diretoria administrativa competente e pela equipe que trabalha aqui. Isso nos envaidece, motivou e dá tranquilidade para assumir esse cargo tão importante.

 

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