Edição #10

Pedágio: não à renovação, auditoria já!

Pedagio (6)
É difícil passar por um pedágio do Paraná sem deixar de fazer um comentário educado sobre o alto valor da tarifa. Quase sempre sai um desabafo em voz alta ou mesmo um pensamento mais censurável. Às vezes sobra para o pobre do cobrador. Indevidamente, diga-se de passagem. Em momentos de manifestações coletivas, é a praça quem paga o pato, com protestos de todo o naipe.

É comum ver manifestantes liberarem a cancela para que todos passem sem pagar ou mesmo bloquearem a passagem de todos por horas. Há usuário que paga a tarifa com moedas de centavos para dificultar a vida dos bilheteiros. Já os produtores agrícolas não cansam de jogar tomates no asfalto. Alguns mais irritados aceleram fundo para passar sem pagar. Os mais exaltados chegam a incendiar os postos de arrecadação.

Tirando o vandalismo, tudo é compreensível. O custo para rodar nas estradas paranaenses “pedagiadas” chegou a um nível insustentável. Os mais exagerados gritam com todas as letras: pagamos um dos pedágios mais caros do mundo, principalmente nas paradas obrigatórias de Foz do Iguaçu ao Porto de Paranaguá. O preço fica ainda mais amargo ao enfrentar vários trechos da BR-277 sem duplicação e com intenso fluxo de veículos.

Não se trata de ser contra a cobrança em si, mas sim do valor. Só para ilustrar: em São Miguel do Iguaçu, o motorista de um automóvel simples desembolsa R$ 14,10, enquanto o condutor de um caminhão de cinco eixos paga R$ 50. A revolta aumenta ainda mais quando o valor é comparado ao praticado em outros estados, onde praticamente tudo está duplicado e a tarifa é considerada justa diante do volume de obras (em alguns casos, um terço do valor).

O custo para rodar nas rodovias no Paraná afeta em cheio o setor produtivo do estado, sobretudo do Oeste. Tudo tem seu preço mais caro por conta do valor do pedágio: produção agrícola, produtos industrializados, transporte intermunicipal, viagem de trabalho, turismo, etc. É líquido e certo que a tarifa diminui a nossa competitividade diante de outras regiões. Tem sido assim desde 1998, quando iniciou a cobrança após serviços preliminares realizados pelas concessionárias.

A população anda tão “insatisfeita” que não vê a hora de as atuais concessões encerrarem em 2021. Mas para piorar o quadro, eis que surge a brilhante ideia de renovar as concessões por mais 20 anos. Indignada, a sociedade civil organizada reagiu de forma imediata e inédita contra a proposta descabida, dizendo não à renovação e exigindo uma imediata auditoria dos contratos entre o governo estadual e as concessionárias.

Representantes da iniciativa privada e do poder público, dirigentes de entidades de classe, lideranças empresariais e políticos uniram-se para denunciar o impacto do pedágio no setor produtivo e as vidas perdidas pela falta de duplicação. O Programa Oeste em Desenvolvimento, por meio da Câmara Técnica de Infraestrutura e Logística, tem coordenado o movimento que ganhou força em poucos meses e já chegou ao Palácio Iguaçu.  Pé na estrada e boa leitura!

 

REPORTAGEM COMPLETA

Pedágio: não à renovação, auditoria já!

Oeste mostra sua força

Carta ao governador Beto Richa

Beto Richa diz, a princípio, ser contra renovação de contratos

Ex-auditor desvenda caixa-preta

Unidos contra o pedágio

Pedágio, por que tanta pressão pela renovação?

“Modelo é extremamente nocivo para os usuários”, diz FIEP

Anel de Integração: uma análise essencial

COMPARTILHAR: