Edição #19

Aprendendo a economizar


Por meio de palestras e cartilha, projeto de extensão do curso de Ciências Econômicas da Unila orienta sobre finanças pessoais

Wolney Carvalho

Com a crise econômica pela qual passa o Brasil, torna-se mais necessário o controle das contas pessoais. É justamente esse o tema do projeto de extensão Desmistificando a análise econômico-financeira pessoal: uma assessoria econômico-financeira para a comunidade de Foz do Iguaçu, que chega ao seu quinto ano.

A política econômica restritiva, que se refletiu na redução do crédito e no aumento das taxas de juros, acabou ao longo dos últimos dois anos tendo um efeito ampliado sobre o endividamento das famílias. O problema tem sido agravado com as altas taxas de desemprego em 2016 e 2017, atualmente em torno de 12%.

Ademais, hoje mais de 58% das famílias estão endividadas no Brasil, o que é demonstrado pelos principais órgãos de pesquisa no país como a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Vale ainda destacar os dados da Serasa Experian, de agosto de 2017, nos quais se verifica que “57 milhões de pessoas têm algum tipo de dívida em atraso”.

Cartilha e palestras

Assim, o projeto tem duas linhas de atuação: distribuição de cartilhas e palestras de educação financeira em escolas e instituições diversas, a exemplo da Guarda Mirim e do Colégio Estadual Carimã, dos CRAS, bem como do Centro do Idoso de Foz do Iguaçu.

Também é oferecida uma assessoria individual, gratuita e sigilosa, nas dependências da Livraria Kunda, aos sábados pela manhã, para as pessoas que necessitam organizar suas finanças. Quem estiver interessado e quiser fazer um agendamento pode encaminhar e-mail para assessoriaunila@gmail.com.

A cartilha tem edição em português e espanhol e vem sendo distribuída em Foz do Iguaçu, Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina). A expectativa é atingir, até o final de 2018, direta e indiretamente, sete mil pessoas. Dessa forma, o projeto alcança caráter transfronteiriço e de integração.

Bolsista

Dentro do projeto, é relevante o trabalho do bolsista e estudante do curso de Ciências Econômicas da Unila Raphael Teixeira. O acadêmico conta que, de uma maneira simples, são apresentadas ao leitor algumas tabelas e planilhas para colocar em prática o controle das receitas e despesas, com vistas a estimular a observação dos gastos fixos e variáveis.

Uma das tabelas auxilia no controle das dívidas parceladas, como as de cartão de crédito, carnês e financiamentos. Há também dicas para economizar no supermercado, no consumo de energia e de água. “Cuidar das finanças é cuidar da saúde”, sendo que “um mês financeiramente tranquilo se reflete em uma vida mais tranquila para toda a família”.

Carvalho e Teixeira citam alguns dados, como as altas taxas cobradas no cheque especial (em torno de 12,14% ao mês ou 295,48% ao ano) e pelo atraso no pagamento do cartão de crédito (13,36% ao mês ou 350,32% ao ano), segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A taxa média de juros cobrada no crédito em geral está em 140% ao ano.

Que dívida fazer?

Um dos objetivos do projeto não é impedir a contratação de dívidas. A questão principal, além de orientar as pessoas a prestar atenção nas dívidas, é estar atento sobre qual a melhor forma de endividamento. Para isso, uma das dicas é comparar as taxas de juros e as formas de crédito, consultando mais de um banco ou instituição financeira.

Em alguns casos, os jovens têm mais dívidas em atraso do que os adultos, em especial porque não há um controle do impulso consumista. Uma pesquisa da Serasa Experian em 2016 revelou que o endividamento entre os jovens de 18 a 25 anos representava 15,7% da inadimplência no país.

Por fim, a educação financeira deveria ser ensinada já nas escolas, a exemplo do Colégio Carimã. Já fomos convidados a ministrar uma palestra para os alunos do quarto e quinto ano do primário, e eles demonstraram uma facilidade na compreensão da temática da educação financeira, o que sem dúvida reflete o belíssimo trabalho da professora de matemática, a qual conta com o apoio da direção da escola.

É nesse sentido que vamos para as escolas e nos propomos fazer esse debate, fomentar esse olhar. Recentemente também tivemos uma bela experiência com a realização de uma palestra no Centro do Idoso de Foz do Iguaçu. A educação financeira é o caminho seguro para finanças.

Wolney Carvalho é professor do curso de Ciências Econômicas da Unila.

 

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